O Novo Salário Mínimo Paulista em 2025: Impactos, Benefícios e Perspectivas
- Clara Prospere
- 2 de jul.
- 5 min de leitura
Atualizado: há 3 dias

Em 1º de julho de 2025, entrou em vigor o novo salário mínimo paulista, fixado em R$ 1.804,00, conforme sancionado pelo governador Tarcísio de Freitas por meio da Lei nº 18.153/2025. Este reajuste de 10% em relação ao piso anterior, de R$ 1.640,00, representa um ganho real de aproximadamente 5% acima da inflação acumulada no último ano, que foi de 4,77% segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O novo piso estadual é 18,8% superior ao salário mínimo nacional, atualmente em R$ 1.518,00, e beneficia diretamente mais de 70 categorias profissionais no estado de São Paulo. Este artigo explora os detalhes do novo salário mínimo paulista, suas implicações para os trabalhadores, a economia local e as perspectivas futuras, além de contextualizar sua relevância no cenário econômico brasileiro.
Contexto do Novo Salário Mínimo Paulista
O salário mínimo regional em São Paulo foi instituído em 2007 pela Lei Estadual nº 12.640, com o objetivo de garantir remunerações acima do piso nacional para trabalhadores de categorias que não possuem pisos salariais definidos por legislação federal, convenções ou acordos coletivos de trabalho. A criação do piso regional reflete a necessidade de adequar a remuneração ao elevado custo de vida no estado, especialmente na capital, que é considerada a cidade mais cara do Brasil, segundo dados do Expatistan. A Lei Complementar nº 103/2000, do governo federal, autoriza estados e o Distrito Federal a estabelecerem pisos salariais regionais, levando em conta as condições econômicas e sociais locais.Desde sua criação, o salário mínimo paulista tem sido um instrumento de valorização do trabalho em setores vulneráveis, como trabalhadores domésticos, cuidadores de idosos, serventes, trabalhadores agropecuários, pescadores, contínuos, mensageiros, entre outros. Em 2025, a inclusão de cuidadores de pessoas com deficiência entre as categorias beneficiadas, por meio de uma emenda aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), ampliou o alcance do piso, promovendo maior equidade salarial. Além disso, a unificação do valor em uma única faixa, eliminando as divisões anteriores, simplificou a aplicação do salário mínimo regional.
O Reajuste de 2025: Detalhes e Impactos
O novo salário mínimo paulista de R$ 1.804,00 entrou em vigor em 1º de julho de 2025, após aprovação em duas sessões extraordinárias da Alesp em 13 de maio e sanção do governador no início de junho. Este aumento de 10% em relação ao piso de 2024 (R$ 1.640,00) marca a terceira vez consecutiva que o reajuste estadual supera a inflação, acumulando um crescimento de 40,5% desde 2022, contra uma inflação de 15,1% no mesmo período, segundo o INPC. Esse ganho real de aproximadamente 27% reflete o compromisso da gestão estadual em fortalecer o poder de compra dos trabalhadores.O valor bruto de R$ 1.804,00, no entanto, sofre uma dedução obrigatória de 7,5% referente à contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), resultando em um salário líquido de R$ 1.668,70, após o desconto de R$ 135,30. Apesar de isento do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), a contribuição ao INSS garante aos trabalhadores direitos como aposentadoria, auxílio-doença e auxílio-acidente. Esse valor líquido é significativamente superior ao salário mínimo nacional líquido, que, após descontos, fica em torno de R$ 1.404,15, considerando a mesma alíquota de INSS.O impacto do reajuste vai além dos trabalhadores do setor privado. A Alesp também aprovou a Lei Complementar nº 1.424/2025, que institui um abono complementar para garantir que nenhum servidor público estadual receba menos que o novo piso, considerando a proporção da jornada de trabalho. Estima-se que cerca de 91 mil servidores ativos, aposentados e pensionistas, de diversas secretarias, da Procuradoria Geral do Estado, da Controladoria Geral e de autarquias, sejam beneficiados. Além disso, a Lei Complementar nº 1.425/2025 concede um reajuste de 5% a mais de 925 mil servidores estaduais, abrangendo áreas como administração, educação, saúde, segurança pública e engenharia.Benefícios Econômicos e SociaisO aumento do salário mínimo paulista tem um efeito cascata na economia local. Como destacado pelo governador Tarcísio de Freitas, o reajuste representa “uma injeção de recursos na economia” em um momento de pressão inflacionária, especialmente nos preços dos alimentos. O incremento no poder de compra dos trabalhadores estimula o consumo, beneficiando setores como comércio, serviços e indústria. Em um estado como São Paulo, que responde por cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, essa dinamização econômica é significativa.Socialmente, o piso regional é uma ferramenta de redução da desigualdade. Categorias como trabalhadores domésticos e cuidadores, que frequentemente pertencem a grupos socioeconomicamente vulneráveis, são diretamente impactadas. A inclusão de cuidadores de pessoas com deficiência em 2025 reforça o compromisso com a proteção de trabalhadores em funções essenciais, mas historicamente subvalorizadas. Além disso, o salário mínimo regional ajuda a mitigar os efeitos do elevado custo de vida em São Paulo, onde despesas com moradia, transporte e alimentação superam significativamente a média nacional.
Comparação com Outros Estados e o Piso Nacional
O salário mínimo nacional, fixado em R$ 1.518,00 para 2025, foi reajustado em 7,5% com base na política de valorização estabelecida pela Lei nº 14.663/23, que considera a inflação medida pelo INPC e o crescimento do PIB de dois anos anteriores, limitado a 2,5%. Embora esse aumento represente um ganho real, ele é inferior ao piso paulista, que reflete as particularidades do mercado de trabalho e do custo de vida no estado.Outros estados brasileiros também adotam pisos regionais. No Paraná, por exemplo, os valores variam entre R$ 1.856,94 e R$ 2.134,88, dependendo da categoria profissional. No Rio Grande do Sul, as faixas vão de R$ 1.656,52 a R$ 2.099,27, enquanto em Santa Catarina, os pisos estão entre R$ 1.612,26 e R$ 1.844,40. O Rio de Janeiro, por outro lado, não atualiza seu piso desde 2019, com faixas que variam de R$ 1.238,11 a R$ 3.158,96. São Paulo, com seu piso unificado de R$ 1.804,00, destaca-se por sua simplicidade e valor competitivo, especialmente quando comparado ao piso nacional.
Desafios e Críticas
Apesar dos benefícios, o salário mínimo regional enfrenta críticas. Especialistas, como a advogada trabalhista Juliana Mendonça, apontam que nem o piso regional nem o nacional conseguem atender plenamente às exigências constitucionais, que determinam que o salário mínimo deve ser suficiente para cobrir necessidades básicas como moradia, alimentação, educação e saúde. Estudos sugerem que um salário mínimo ideal no Brasil deveria ultrapassar R$ 6.000,00, considerando o custo de vida atual. Em São Paulo, onde o custo de vida é especialmente elevado, o piso de R$ 1.804,00, embora superior ao nacional, ainda é insuficiente para muitos trabalhadores.Outro desafio é a implementação. Empregadores, especialmente pequenas e médias empresas, podem enfrentar dificuldades para absorver o aumento, o que pode levar a uma maior informalidade no mercado de trabalho. Além disso, a unificação do piso em uma única faixa, embora simplifique a aplicação, pode gerar questionamentos sobre a adequação para diferentes categorias profissionais, que possuem demandas e níveis de qualificação distintos.
Perspectivas Futuras
O governo estadual planeja manter a política de reajustes acima da inflação, consolidando o salário mínimo paulista como uma referência nacional. Para 2026, projeções do governo federal indicam que o salário mínimo nacional poderá alcançar R$ 1.630,00, um aumento de 7,37%. Embora não haja previsões oficiais para o piso paulista em 2026, espera-se que São Paulo continue ajustando seu salário mínimo para manter a diferença em relação ao nacional, considerando o INPC e as condições econômicas locais.Além disso, a continuidade de políticas de valorização salarial, como a inclusão de novas categorias e a equiparação dos vencimentos dos servidores públicos, pode fortalecer ainda mais o impacto do piso regional. Investimentos em capacitação profissional e programas como o Exporta SP, mencionado pelo governo estadual, também podem complementar os efeitos do reajuste, promovendo a empregabilidade e o crescimento econômico.
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