O que fazer com tantos conselhos de investimento na internet?
- Clara Prospere

- 3 de out.
- 5 min de leitura
Atualizado: 6 de out.

Você já entrou no YouTube, TikTok ou Instagram e se deparou com um “guru” prometendo “como ficar rico com R$100 por mês” ou “o segredo do Tesouro Direto que ninguém te conta”? No Brasil, o acesso a conselhos de investimento online explodiu nos últimos anos, com canais como Me Poupe!, O Primo Rico e posts virais no X. Mas, como alerta Jim Wang no blog Wallet Hacks, nem tudo que brilha é ouro. A internet é uma ferramenta incrível para aprender sobre investimentos, mas também um campo minado de dicas genéricas, vieses e até golpes. Este artigo, inspirado no texto de Wang, adapta suas ideias ao contexto brasileiro, ensinando como filtrar conselhos de investimento, personalizá-los para sua realidade e tomar decisões financeiras sólidas. Vamos mergulhar?
Por que o Investimento Online é Tão Sedutor no Brasil?
O Brasil vive um boom de educação financeira. Segundo a B3, o número de investidores pessoa física na bolsa saltou de 600 mil em 2018 para 5 milhões em 2023. Plataformas como XP, Rico e NuInvest democratizaram o acesso a produtos como Tesouro Direto, CDBs e fundos imobiliários. No X, posts com #Investir têm milhões de visualizações, e vídeos curtos no TikTok ensinam desde “como investir no Ibovespa” até “criptomoedas para iniciantes”. Essa exposição é fantástica: ideias que antes ficavam restritas a bancos agora estão a um clique. Mas há um problema: muitos conselhos de investimento são genéricos, sensacionalistas ou simplesmente errados. Por exemplo, já viu alguém dizer “invista tudo em ações para diversificar”? Parece ótimo, até você perceber que, sem um fundo de emergência, uma queda no Ibovespa pode te deixar no vermelho. Ou aquela dica de “comprar Bitcoin porque vai subir”? Sem contexto, é um tiro no escuro. Como Wang aponta, “nada que seja tamanho único cabe em todos” – e no Brasil, com inflação oscilante, Selic a 15% (outubro 2025) e real desvalorizado, isso é ainda mais verdade. Então, como navegar nesse mar de conselhos?
Os Perigos dos Conselhos de Investimento Online
A internet não tem porteiro. Qualquer um pode postar um vídeo ou blog dizendo “sou especialista em investimento”. No Brasil, isso é agravado pela falta de regulação em redes sociais. Diferente de um assessor financeiro registrado na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), influencers não têm dever fiduciário – ou seja, não são obrigados a priorizar seu interesse. Alguns são pagos por corretoras para promover produtos, como fundos com taxas altas ou criptos duvidosas. Um caso clássico? Pirâmides financeiras disfarçadas de “cursos de investimento” que enganaram milhares nos últimos anos, como a D9 Clube em 2017.Além disso, conselhos online muitas vezes ignoram a realidade brasileira. Um americano pode sugerir “maximize seu 401(k)”, mas aqui o equivalente (PGBL ou VGBL) tem regras fiscais complexas e nem sempre cabe no orçamento de quem ganha um salário mínimo (R$1.412 em 2025). Outro exemplo é o movimento FIRE (Financial Independence, Retire Early), que prega frugalidade extrema. No Brasil, onde 60% da população vive com menos de R$3.000/mês, de acordo com o IBGE, cortar café ou Netflix não vai te aposentar aos 35. Como Wang diz, “você pode estar dando ouvidos a um palhaço incompetente” – e no Brasil, esse palhaço pode estar te vendendo um sonho irreal.
Como Filtrar Conselhos de Investimento Online
A boa notícia? Você pode usar a internet a seu favor, desde que seja crítico. Aqui vão quatro passos adaptados do artigo de Wang para o contexto brasileiro:
1. Pegue o Melhor, Descarte o Resto.
Nem todo conselho é ruim, mas nem todo serve para você. Por exemplo, Thiago Nigro (O Primo Rico) pode sugerir fundos imobiliários (FIIs) para renda passiva. Ótimo, mas avalie: você tem R$1.000 para começar? Sua meta é curto ou longo prazo? No Brasil, FIIs rendem em média 8-10% ao ano (dados da B3, 2025), mas há riscos, como vacância de imóveis. Compare dicas de vários criadores – Nathalia Arcuri (Me Poupe!) foca em Tesouro Direto, enquanto Gustavo Cerbasi enfatiza planejamento. Misture o que faz sentido para sua renda, tolerância a risco e objetivos.
2. Personalize para Sua Realidade
Investimento não é receita de bolo. Um conselho como “invista 50% em ações” pode ser ótimo para quem tem reserva de emergência, mas arriscado se você é autônomo com renda instável – comum no Brasil, onde 40% dos trabalhadores são informais (IBGE). Antes de seguir uma dica, pergunte:
Qual meu objetivo? Aposentadoria, comprar casa, viajar?
Qual meu perfil? Conservador (Tesouro Selic), moderado (CDBs), arrojado (ações)?
Qual meu orçamento? R$50/mês no Tesouro Direto já é um começo!
Por exemplo, o Tesouro RendA+ é ideal para aposentadoria complementar, mas exige aportes consistentes. Adapte conselhos ao seu contexto.
3. Consulte Fontes Confiáveis
Wang sugere conversar com amigos “mais espertos” ou advisors. No Brasil, procure assessores certificados (CFP ou CEA) em corretoras como XP ou BTG. Eles cobram taxas, mas são regulados pela CVM e oferecem planos personalizados. Outra opção é buscar educação financeira em fontes confiáveis, como o site da B3 (b3.com.br), o portal Planejar (planejar.org.br) ou livros de autores brasileiros, como “O Investidor Inteligente” (adaptado por Gustavo Cerbasi). No X, perfis como @B3_BolsaBrasil ou @TesouroNacional postam dicas verificadas. Desconfie de promessas de “dinheiro fácil” – no Brasil, golpes como a Empiricus já causaram prejuízos milionários.
4. Teste e Valide com Pequenos Passos
Antes de investir R$10.000 em ações, teste com pouco. Por exemplo, aplique R$100 no Tesouro Selic (baixo risco, liquidez diária) via apps como NuInvest ou Rico. Acompanhe o rendimento e entenda o processo. Wang enfatiza: “valide suas decisões com conselhos de alguém de sua confiança.” No Brasil, isso pode ser um parente que investe há anos ou um grupo de discussão como o “Finanças Inteligentes” no Telegram. Pequenos passos evitam grandes erros.
O Poder da Educação Financeira no Brasil
A internet é uma aliada poderosa para aprender sobre investimento. Canais como Me Poupe! (1M+ inscritos no YouTube) ou posts no X com #EducaçãoFinanceira democratizam conhecimento que antes era exclusivo de banqueiros. Mas, como Wang alerta, “a internet é um ótimo lugar para se expor a novas ideias e educação geral". Use-a para inspiração, não como bíblia. Por exemplo, o conceito de juros compostos – tão falado online – é real: R$100/mês a 7% ao ano viram R$52.000 em 20 anos. Mas isso exige disciplina, escolha de produtos certos (como CDBs a 110% do CDI) e paciência, algo que vídeos de 15 segundos nem sempre explicam. No Brasil, onde a poupança rende míseros 6% ao ano (abaixo da inflação), aprender a investir é crucial. Mas cuidado: a Selic alta (15% em 2025) torna CDBs e Tesouro atrativos, mas ações e criptos exigem estômago para volatilidade. Leia blogs, assista vídeos, mas sempre valide com fontes sólidas.
Os conselhos de investimento online são como um buffet: há opções incríveis, mas também pratos que não combinam com você. No Brasil, onde a desigualdade financeira e a falta de educação básica dificultam o acesso, a internet é uma porta de entrada – desde que você filtre com cuidado. Pegue o que é útil, descarte promessas exageradas, personalize para sua vida e valide com quem entende. Como Wang diz, "pegue o bom, descarte o ruim, personalize e divida com um amigo" Comece pequeno, seja com R$50 no Tesouro Direto ou R$200 em um fundo de ações. O importante é começar. Quer dar o próximo passo? Visite b3.com.br para tutoriais gratuitos ou consulte um assessor na sua corretora. E você, já caiu em alguma cilada de investimento online? Conta nos comentários!



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